E se eu chutasse o pau da barraca?

     Hoje eu tive vontade de te falar tanta, mas tanta merda! Sério, você nem faz ideia do que tava pra sair da minha boca, bem ali, na ponta da minha língua. Nem eu sabia que me lembrava de tanta coisa, que me magoou mais do que eu tinha me dado conta.

     E aí eu quis gritar tudo isso na sua cara, vomitar todas essas coisas que foram se entalando na minha garganta sem eu sequer perceber, uma a uma, dia após dia. Minha vontade era falar alto, pra vizinhança inteira ouvir, apontar o dedo na sua cara e te cutucar com força.

     Mas eu não fiz nada disso, eu nunca faço, porque não tenho ideia de qual seria a sua reação. Será que meu discurso lhe abriria os olhos, faria você perceber finalmente seus erros e corrigi-los? Ou talvez você me achasse uma louca, não vendo sentido em nenhuma de minhas palavras... Ou, pior, pode ser que você resolvesse me apontar seu próprio dedo e vomitar coisas que estão entaladas na sua garganta e que eu nem imagino que te magoaram...
   
     Gostaria que a gente pudesse viver algumas coisas assim, ver no que vai dar e, se desse merda, poder rebobinar e seguir por outra direção. Porque eu quero muito te falar um monte de coisas, mas eu também quero você comigo. E se tem uma coisa que eu não ia suportar é te perder por uma explosão provocada por TPM, ou por um apunhado de coisas que só se acumularam porque eu deixei.

     Quantas vezes já não pensei "Aff, foda-se, cansei, não aguento mais, não tenho que passar por isso". Mas só pensei, porque eu não cansei totalmente. Ainda consigo aguentar um pouco e talvez, de vez em quando, eu precise um bocadinho de ti.

     E aí eu engulo tudo de novo, deixo passar. Tento falar aos poucos, mandar umas indiretas e rezar pra que uma das suas bolas seja de cristal, pra ver se você adivinha as dores que não digo. E assim vamos vivendo. Comigo criando diálogos, conversas, crises e reconciliações na minha mente e você... Ah, você... Ás vezes eu não faço a mínima ideia do que você ta pensando.

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